
Parcerias para o Desenvolvimento Sustentável em Tatajuba – Uma Experiência Comunitária Inovadora
Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, parcerias, gestão de resíduos, participação comunitária, sustentabilidade, IFCE, Prefeitura de Camocim, Tatajuba.
Introdução
Os desafios contemporâneos que envolvem sustentabilidade e resíduos sólidos exigem ações integradas e colaborativas. No contexto de Tatajuba, no litoral de Camocim (CE), a mobilização comunitária frente à problemática das estações de transbordo de resíduos catalisou a formação de novas alianças que envolvem comunidade, poder público, academia e setor produtivo.
O Início do Diálogo Comunitário
A iniciativa emergiu em maio de 2023, com a criação de um coletivo comunitário determinado a erradicar as estações de transbordo de Vila Nova e Coité. Ciclos de encontros comunitários possibilitaram o mapeamento colaborativo dos problemas, nutrindo a busca por referências técnicas como Zé Bezerra, para orientar o conhecimento jurídico e práticas para fundamentar futuras tratativas e decisões.
Aliança com o IFCE: Gravimetria e Ciência Cidadã
A aproximação com o IFCE viabilizou, em outubro de 2023, a realização de um estudo gravimétrico — ferramenta científica fundamental para mapear a composição e os fluxos de resíduos sólidos gerados na região. Esse diagnóstico não apenas embasou tecnicamente propostas de intervenção, mas também envolveu estudantes e moradores no processo de levantamento de dados, fortalecendo o senso de pertencimento e apropriação das soluções.
Incidência Junto ao Poder Público e Parceria Institucional
No dia 28 de junho de 2024, um ofício foi encaminhado ao poder público municipal solicitando a revisão do modelo de tratamento e logística dos resíduos sólidos. O resultado foi o estreitamento das relações com a Autarquia do Meio Ambiente de Camocim (AMA-Camocim), tornando possível a oficialização de parcerias para ações educativas, operacionais e normativas, alicerçando o papel do Estado como facilitador do desenvolvimento sustentável.
Mobilização Social: O Conselho de Desenvolvimento de Tatajuba
O fortalecimento institucional resultou no envolvimento efetivo do Conselho de Desenvolvimento de Tatajuba e adjacências, que protagonizou, junto à população, a organização de gincanas escolares voltadas à reciclagem, mutirões de limpeza de praias e outras atividades de logística reversa coletiva. Estas ações promoveram a educação ambiental, a economia circular e a união da comunidade no enfrentamento dos desafios dos resíduos sólidos.
Planejamento Cooperativo e Novas Infraestruturas
Esse processo culminou no encaminhamento, ao IDACE, de uma proposta de doação de terreno estratégico para a instalação da Estação de Gestão de Resíduos Sólidos de Tatajuba. O objetivo central é garantir alternativas sustentáveis ao descarte de resíduos, fomentar discussões críticas sobre padrões de consumo e captar compensações ambientais de modo transparente e participativo.
O Papel do Empresariado e das Compensações Ambientais
Empreendedores locais passaram a ser mobilizados para integrar a cadeia de responsabilidade, assumindo compromissos em logística reversa e apoiando as soluções para o destino sustentável dos resíduos. Tais parcerias possibilitam que investimentos escorram para iniciativas comunitárias, gerando impacto social e ambiental positivo.
Reflexão Final: Engajamento Civil e Consolidação do Terceiro Setor
O caso da Vila Tatajuba demonstra que o avanço nas soluções para resíduos sólidos só é possível com o engajamento civil, que impulsiona o setor público e o privado rumo a práticas inovadoras de responsabilidade compartilhada. O processo revela como o terceiro setor pode se consolidar como pilar fundamental da governança ambiental, promovendo o bem-estar social como compromisso coletivo.
O artigo visa compartilhar uma experiência replicável de integração comunitária para outros territórios, onde o desenvolvimento local requer a escuta, a ação partilhada e o compromisso conjunto entre diferentes atores sociais.
Sheila Oliveira de Abreu